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Chega de mentiras ao povo brasileiro

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Data01/12/2015

O governo está propondo um conjunto de medidas ao Congresso Nacional que chegam a ser ridículas, baseadas num projeto governamental que procura gerar um superávit de R$ 66 bilhões (o número tem variações a cada semana, dependendo do humor e do grau de incompetência da Presidente e de seus colaboradores).

O que o Governo não informa qual é o número final de toda esta equação, sobre os quais o tal superávit primário de R$ 66 bilhões terá influência, gerando um efeito absolutamente ridículo, mesmo considerando a boa vontade do Ministro Levy de que está tomando as medidas necessárias (talvez as únicas possíveis no momento, embora absolutamente insuficientes, como ele bem sabe).

O cálculo deste caos financeiro a que nos submetemos é facilmente demonstrável:

1)    Se temos uma divida interna de R$ 2.972 bilhões temos uma dívida de R$ 14.568,63 per capita, considerando que somos 204 milhões de brasileiros;

2)    Se esta dívida interna nos custa 14,25% ao ano, temos R$ 423 bilhões de juros ao ano, o que representa, para você brasileiro, R$ 2.076,03, como sua participação no custo da dívida nacional;

3)    Considerando os R$ 66 bilhões de superávit primário (receitas maiores que as despesas), teremos uma redução da dívida interna de tal valor, o que nos leva a uma dívida interna de R$ 3.319 bilhões (R$ 2.972 + 423 – 66 bilhões). Ou seja, já começaremos 2016 com uma dívida interna de 60,35% do PIB (R$ 5.500 bilhões);

4)    Ora, se nossa dívida interna para começar 2016 já será de R$ 3.319 bilhões e considerando que os juros (SELIC) vão continuar igual (14,25%), teremos para 2016 R$ 473 bilhões de juros, ou R$ 2.318,62 de juros per capita, e necessidade de um superávit primário de 8,6% do PIB e não os zero e alguma coisa que o Governo projeta. Este gente está brincando com os números e mentindo descaradamente para você brasileiro.

Para zerar a conta deveríamos estar discutindo agora no Congresso Nacional medidas concretas, objetivas e doa a que doer, de um superávit de R$ 413 bilhões e não R$ 66 bilhões.

Portanto, nesta briga Temer/Calheiros/Cunha versus Dilma, quem perde é o Brasil e o povo brasileiro.   Temos é uma crise política irresponsável entre situação e oposição, quando deveriam neste momento grave da nação brasileira, que eles mesmo criaram (PT, PMDB e PSDB), esquecer diferenças e buscar um entendimento para o bem do Brasil.

O que não podemos mais é ocultar do povo brasileiro a real situação econômica do país. Não podemos mais conviver com juros de 14,25% ao ano sobre a nossa dívida interna, pois caminharemos a passos largos para a insolvência total do Estado brasileiro.   Uma taxa de juros dessa magnitude é de um país quebrado e de um Estado insolvente decorrente de suas irresponsabilidades governamentais. Fizemos uma privatização nos anos 90 para liquidar com a dívida interna que era de R$ 70 bilhões e não o fizemos, quase quebramos em 1999 e conseguimos sair da crise com várias cicatrizes, e chegamos a 2003 com Lula/Palocci tendo a decisão equilibrada de não mexer na política econômica. Perderam a grande oportunidade de arrumar a casa de vez, com ampla maioria no Congresso e o carisma do Presidente. Mas o Presidente Lula preferiu implantar o Mensalão, depois o Lava Jato e avalizar a Dra. Dilma, sem carisma, liderança e vivência política para sua sucessora. Deu no que deu.

Em 2008 o Presidente Lula achou que a crise mundial era uma “marolinha” e terminou seu mandato liquidando a dívida externa, mas entregando a sua amiga e fiel escudeira Dilma uma dívida interna de R$ 1.800 bilhões, além de vários programas sociais justos, porém sem receita para mantê-los.

Portanto, meus caros brasileiros, a festa acabou. Entramos numa nova realidade e todos teremos que abrir mão de alguma coisa (ou muitas) para viabilizar este país.   Quando vejo determinadas classes sociais reclamando aumentos salariais absurdos, especialmente na área pública, fico pensando que efetivamente estamos num outro País. Se cada um ficar garantido com o salário que tem hoje, já estará colaborando para que o Brasil se recupere e que daqui a alguns anos possamos voltar a crescer. Nas minhas previsões vamos levar dez anos para recuperar totalmente a economia, mais torço muito para estar totalmente errado nas minhas previsões. Ou tomamos decisões efetivas agora, ou teremos um 2016 muito pior e com consequências imprevisíveis. Uma questão de escolha.

Antonio Carlos Nasi

Contador e Empresário Contábil