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Auditoria independente: esta ilustre desconhecida

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Data16/11/2017

O Jornal do Comércio de Porto Alegre realiza todos os anos uma pesquisa para lançar o Prêmio “Marcas de Quem Decide”.  É um trabalho muito bem feito em parceria com a Qualidata Pesquisas e Informações Estratégicas.

Nas últimas seis edições foi incluída a atividade de Auditoria Empresarial, que visa identificar entre os entrevistados (são empresários/formadores de opinião) aquela empresa mais Lembrada e a Preferida.  Entre as mais Lembradas estão as quatro big-four, lideradas pela PwC com 10,3%, seguida da E&Y com 2,5%, KPMG com 1,9%, Arthur Andersen com 1,3% e Deloitte com 1,1%.

O que chama atenção é que a Andersen quebrou em 2003 e não mais existe. O fato de serem as big-four as mais Lembradas explica-se pela ampla participação delas no mercado de auditoria independente, com exposição de seus nomes nos balanços publicados, especialmente das companhias abertas e instituições financeiras, onde, depois do fatídico e inútil rodízio imposto pela CVM a partir de 2003, culminou com uma concentração do mercado de auditoria independente em torno das quatro, chegando há mais de 90% das empresas acima citadas.

Para as firmas nacionais de auditoria ficou o mercado das companhias fechadas, cooperativas, entidades sem finalidade de lucro, sociedades limitadas de grande porte e outras.  Lembrando que as big-four, por serem redes internacionais e utilizando o nome internacional como grife, ainda dominam todo o mercado de empresas multinacionais com atividades no Brasil.

Com relação as Preferidas outro dado muito curioso e interessante para ser analisado pelos profissionais da auditoria mas especialmente pelas entidades de classe:  Somente a PwC  com 9,1%, a E&Y com 2,3% e a KPMG com 1,1% figuram como Preferidas.  Em terceiro lugar, com 1,5% aparece a Coopers & Lybrand, Biedermann Bordasch, empresa que existiu efetivamente, mas que não existe mais desde que a Coopers se fundiu com a Price, criando a hoje denominada PwC. O Bidermann na ocasião se associou e depois vendeu para a Arthur Andersen a sua firma. Ora, isto ocorreu na década de 90.  Estamos em 2017. Mais uma curiosidade: a quinta empresa Preferida foi a Pactum, que não atua em auditoria independente e sim em consultoria e assessoria tributária.

E para concluir sobre a pesquisa o dado mais alarmante para nós, profissionais da auditoria: de cada 10 entrevistados quase 8 não conseguiram lembrar de nenhuma empresa de auditoria e afirmaram não ter qualquer uma que pudesse ser classificada como Preferida. Que DESASTRE para uma profissão que tem mais de 120 anos mundialmente, há mais de 100 anos é praticada no Brasil, e com mais intensidade a partir de 1945.  São mais de 70 anos de atividades mais intensas junto às empresas brasileiras, mais de 45 anos de atividade regulamentada no Brasil (1972) e 80% dos entrevistados NÃO SABEM DA NOSSA EXISTÊNCIA.  Um FIASCO como profissão.   Só 10% dos entrevistados lembraram o nome de uma empresa. Isto no caso de uma, as demais ficam entre 2,5% e 1%.  Isto que são empresários.  Imaginem se a pesquisa fosse feita junto a sociedade em geral.

Nossas entidades profissionais, como o IBRACON, Sistema CFC/CRCs e até mesmo as Universidades, precisam avaliar muito bem uma pesquisa como esta. Nossa atividade é desconhecida entre os empresários, que são o nosso público alvo.  Nossas firmas de auditoria independente, inclusive as big-four, precisam avaliar o resultado dessa pesquisa para ver o quanto precisamos trabalhar para divulgar a nossa profissão de contador e mais precisamente a atividade de auditoria independente.

Nossa empresa está fazendo a sua parte divulgando no nosso site um e-book denominado “Auditoria Independente – O que é e sua utilidade para os empresários e usuários”. É impressionante o número de acessos diários que temos a este e-book, tanto de empresários, como de colegas, professores e alunos de ciências contábeis.  Mais interessante ainda é que em função do e-book temos sido chamados para uma visita à empresa, e quase a totalidade dos empresários com quem conversamos nunca tiveram auditoria por desconhecimento da nossa atividade.  Culpa nossa, das firmas de auditoria e das entidades de classe, que até hoje fizeram muito pouco para divulgar nossas atividades profissionais de auditoria independente. Tema para uma bela REFLEXÃO.

 

Antonio Carlos Nasi,  Contador e Auditor Independente

Sócio da NARDON, NASI – AUDITORES INDEPENDENTES S/S

Diretor da SMS Latinoamérica, rede de firmas de Auditoria e Consultoria, com firmas associadas em toda a América Latina e Caribe